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Bloomsday Bienal dos Piores Poemas


Poemas vencedoras da BPP4

Discursos permanentes
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Discurso Permanente de Abertura

Senhoras e Senhores, queridos presentes, o meu boa noite.

Neste momento temos a honra de dar início à abertura da Bienal dos Piores Poemas 4 com a leitura do discurso permanente da Bienal dos Piores Poemas que já foi lido na Primeira Bienal dos Piores Poemas – no ano de 1998, na Segunda Bienal dos Piores Poemas em 2000, na Terceira Bienal dos Piores Poemas em 2002, e neste momento será lido na Quarta Bienal dos Piores Poemas – 2004 e continuará a ser lido nas próximas edições em 2006, 2008, 2010, 2012... pois o seu imutável conteúdo reflete a fixa idéia inflexível das Bienais dos Piores Poemas a serem realizadas impreterivelmente a cada dois anos.

A Bienal dos Piores Poemas é evento inédito em Belo Horizonte que vem literalmente balançando a cabeça de muita gente, e por um bom motivo. Sabemos muito bem que paira no ar um saudável questionamento sobre a razão intrínseca que justifique um evento desta natureza. Porque a BPP 4? É o que todos se perguntam. E esta é uma boa pergunta! No entanto responder a ela seria o mesmo que confabular com as regras das academias as quais questionamos! No máximo poderíamos dizer: Por que a BPP 4? Porque sim. Do contrário teríamos dito: Porque não. E nada disso estaria acontecendo. A realidade deste fato por si só já não explicaria tudo? Mas não queremos frustrar totalmente o desejo de uma justificativa que, naturalmente se manifesta no nosso interlocutor. A título de colaboração poderíamos dizer que na base de tudo isto está aquilo que definiríamos como: o conceitual pairando sobre e contra qualquer tentativa de boicote a esta iniciativa por parte de incautos que sobrevivem mergulhados nas águas culturais de referências legítimas, outorgadas por instituições ditas oficiais e conseqüentemente totalmente merecedora de crédito, igualmente o-fi-ci-al.

Acrescentaríamos ainda que o que de conceitual está implícito no evento está implícito no poema de cada um e de todos aqueles que nos premiaram com a sua valorosa colaboração. Quem escreveu sabe muito bem porque escreveu mesmo que, ao investir neste gesto comprometedor, tem agido sobre um impulso irrefreável daquilo que chamaríamos de um ato falho, o qual classificamos como a mais verdadeira contribuição interditada pelo consciente mas amplamente liberada pelo inconsciente, capaz de revelar o que de mais profundo habita nossos corações e mentes.

Sendo totalmente avessos às palavras supérfluas que poluem o universo das verdades inteiras vamos nos restringir ao que de mais necessário se faz na composição de um discurso de abertura oficial de uma Bienal Anti - Literária, com tudo que implica o uso deste ícone na nossa cultura em constante gestação de novidades. Sejamos sinceros. Alguém explicaria o leve sorriso que se esboça nos lábios de nosso interlocutor ao perguntarmos: você gostaria de ser premiado na Bienal dos Piores Poemas?

Saudade dos tempos em que a auto-censura era diluída pelo próprio ensejo de se expressar livremente? Ou...Ora! Sem falsas hipocrisias! Vamos dar vazão aos nossos desejos mais profundos de sermos famosos pelos quinze minutos aos quais temos direito, mas antes de tudo...famosos!!!! E porque não dizer, depois disso.......gloriosos! A nós o direito de verve original e se possível... do prêmio autoral!!! Abaixo as falsas gramáticas do saber obsoleto, que andam empoeirando os porões do conhecimento. Nosso mais sincero clamor à luz da razão razoável conivente com a linguagem fluida que deveria permear nosso linguajar poético a ser ramificado para nossa fala cotidiana, garantindo, aí sim, a eficácia de nossa comunicação interpessoal. Por uma fala autêntica e verdadeira convictos de que: como diria Paulo Leminski “ Distraídos Venceremos” e nossos votos de que juntos engulamos o século 21.

                                                         

 Discurso Permanente de Encerramento

Bom dia, ou, boa tarde, ou boa noite, caros amigos!
Neste exato momento estamos encerrando um Evento que termina como tudo termina, confirmando uma velha fórmula conhecida de todos: tudo o que começa acaba.
Esta ordem a princípio, pelo próprio rigor de sua lógica, estaria isenta de qualquer propósito de alteração. No entanto, nós, os idealizadores e produtores do evento não gostaríamos de ignorar aquela coceira que nos deixa inquietos, e nos impele para o gosto da renovação, levando-nos ao seguinte questionamento:
Se intencionalmente não queremos associar a expressão término a palavra fim eliminando o hiato temporal entre as diferentes realizações deste evento, estaremos inserindo na BPP um caráter de continuísmo e conseqüentemente de permanência ao qual idealmente todos aspiramos. Quer dizer, a Bienal dos Piores Poemas, juntando os pontos fim/ começo de cada realização, estaria se transformando numa loooooonga loooonga e ininterrupta linha de eventos a se perder na eternidade do infinito!! Paradoxalmente no entanto esta linha, concebida como uma soma de pontos sucessivos, ou rupturas continuadas, estaria inserindo no seu próprio eixo a circunstância do finito. O tempo não é uma ilusão?
Mesmo correndo o risco de, incompreendidos, sermos rotulados como “Os acadêmicos do Pior”, estaríamos optando pela possibilidade de investir no “desejo do eterno” percebido em sua parcial finitude. Sim, porque todos conhecemos e talvez intimamente saboreamos aquele gostinho pela manutenção do saber que paira em nossas academias, assim como somos parceiros daquele sentimento de horror diante da consciência de que:
uma verdade verdaderiamente verdadeira, é aquela que destrói o caráter absoluto que em princípio lhe seria atribuído e lhe outorga a legitimidade do provisório anexando-lhe a urgência da contínua revisão de sua própria autenticidade enquanto verdade.
Convenhamos que este reconhecimento por si só nos assusta, assim como aos detentores vitalícios da suma sapientia, pois, uma vez assentados na cômoda formatação de regras estabelecidas, todos tememos que nos puxem o tapete e que caiamos de bunda no chão!
Na realidade, reconheçamos, nunca foi fácil nos desfazermos de algo apropriado, ou em outras palavras, sempre foi difícil nos desvencilharmos do entulho acumulado através dos tempos, seja lá do que for. Quem não tem no seu próprio guarda-roupa um monte de peças usadas das quais não consegue se desfazer? Quem também já não abriu a geladeira, pelo menos uma vez na vida, e se deparou com a aquela sobrinha de comida, que, mesmo tão insípida não deixa de deflagrar nosso apego a um bem do qual nos sentimos donos e...uma vez “donos” sempre “donos”, mesmo que, este bem, já tenha sido alterado pela ação inexorável do tempo, e se deteriorado, chegando até mesmo a cheirar mal!!!!
Então caros amigos, eis o desafio, a nos espreitar:
Reter ou não reter a informação, eis a questão! Quando? Como? Onde? O que?
Diante desta dúvida dilacerante levantamos humildemente a nossa flâmula tremulante em nome de uma saudável faxina interior! Mãos a obra, amigos! Abramos o espaço! De posse de detergentes, sapólios, desinfetantes, busquemos na fonte da água sanitária a limpeza que nos livre daquela pretensa e aderente poeira intelectual quase imperceptível, mas tão nociva quanto uma chuva ácida, capaz de pulverizar nossos sonhos e impedir o nosso alçar o vôo! Andemos na contramão do tempo desafiando o mofo e a naftalina, abrindo caixas e desocupando armários! Lutemos por uma mente cheirando a lavanda e com um coração de brilho reluzente rumemos conscientes para um sempre novo alvorecer!