Críticas
ESTADO DE MINAS – QUARTA FEIRA, 18 DE DEZEMBRO
DE 2002
Carlos Herculano Lopes
Eleger o melhor entre os piores. Para isto
basta ‘ter um lápis na mão e uma idéia ruim
na cabeça”. Este é o lema da Terceira bienal dos Piores
Poemas, uma bem bolada idéia surgida em Belo horizonte em 1996
e que, ‘devido ao grande sucesso alcançado’, prossegue
hoje, no Clube dos Srgentos, quando serão conhecidos os dois grandes
vencedores. Com cerca de 150 inscritos de todo o país, quem faturar
o primeiro lugar – o que não será fácil, devido
ao ‘alto nível dos concorrentes – irá levar
para casa o Troféu Leão de ouro, enquanto o segundo colocado
ficará com o leão de Prata.
Os “leões” fazem uma homenagem ao poeta carioca Paulo
Leão que, falecido recentemente, escolheu há anos, não
só assumir o seu lado beat, como também viver nas ruas de
Belo Horizonte, principalmente nas imediações do edifício
Maletta, onde tinha o seu quartel general. Promovida pelo Grupo Oficcina
Multimédia da fundação de Educação
artística, está entre os objetivos da bienal, cujo tema
este será O mar, dar asas à criatividade das pessoas e “à
intelig~encia humana”, segundo a escritora e musicista Ione de Medeiros,
que foi quem, nos idos dos anos 90, teve a idéia de criar o evento.
DESCONTENTES
"Quando pensei na possibilidade estava
acontecendo em Belo Horizonte uma bienal Internacional de Poesia, e como
sempre existe, no final de eventos assim, aquele grande coro dos descontentes,
resolvi então criar a bienal dos Piores". Ao contrário
do que a princípio possa parecer, esclarece a escritora, não
é tão fácil assim ser o pior, pois o postulante ao
título, disputadíssimo, por sinal, tem de se apoiar em alguma
coisa, "seja em um verso livre, uma rima, um hai kai etc, mas desde
que tenha, além de originalidade, alguma coisa que surpreenda."
Paralelamente à bienal, que nesta versão terá como
jurados os escritores Marcelo Dolabela, Teodoro Rennó Assunção
e Ricardo Aleixo, estarão rolando algumas interferências,
entre elas uma do grupo do Vidigal e Banda, que apresentará uma
música com alusão ao mar. Para fazer jus ao tema, e em uma
homenagem aos mineiros, "que têm nostalgia do mar", segundo
Ione Medeiros no transcorrer da bienal, estarão circulando pelo
clube dos Sargentos, vendedores de água, de coco de redes nordestinas,
acarajés etc. será ainda lançado um vídeo,
"Um Mineiro no Mar", de Ione de Medeiros e Escandar Cury, seguido
da apresentação de um documentário sobre o poeta
Paulo Leão, feito por Túlio Travagli. Todos os poemas concorrentes
estarão ainda expostos em um mural, para serem lidos pelo público,
que poderá também conhecer, a partir de 20 deste mês,
através da internet, os vencedores da Terceira Bienal. Basta para
isso acessar o site www.oficcinamultimedia.com.br/bienal.htm,
onde também estarão à disposição alguns
dos poemas vencedores da última BPP. Entre eles o da dona de casa
Jacira Rodrigues: "Morango maduro/ morango maduro/ não manga
de mim/ Espera aí/ Quiuinstante não d’amora/ Vem cajá/
Melãobuza agora/ Que eu relanceio por um beijo seu/ Amarmelada,
maçã do amor/ Pequi Umbucado/ e vem cáqui o meu coração/
Pulsaporti/ jatobacana, bombocado de pecado."
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